8.9.13

SOLA SCRIPTURA e Política


SOLA SCRIPTURA e Política
Raniere Menezes

Uma autoridade cristã verdadeira deseja de coração governar seguindo os princípios bíblicos, e neste caminho, honrar e  servir a Cristo. Não é um governar só de fachada como os fariseus, que no fundo buscam somente interesses próprios. Mas servir com justiça. A autêntica política cristã é sempre Escriturística.

Quem se diz cristão e ao mesmo tempo se diz neutro em política o é: ou por princípio (como os anabatistas) ou por oportunismo, pois é declarado que Cristo é o Soberano dos reis da terra. Cristo tem sob seu cetro todas as autoridades de qualquer religião e sobre todos os incrédulos, para exercer justiça e guardar a ordem entre os homens. Para nós, cristãos, seu povo, Ele deve ser sobremaneira exaltado e honrado como Soberano. E isso só é possível se SEGUIRMOS SUA PALAVRA. Como está em Mateus 7.21-27:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas?
E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade.
Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia;
E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda.
Mateus 7:21-27

Necessariamente devemos ser ESCRITURÍSTICOS em tudo, inclusive na política. Devemos fazer política segundo a vontade de Deus revelada nas Escrituras. O perigo da política não é a política em si, mas o zelo antibíblico. Muitas vezes, religiosos consideram que suas ações injustas estão a serviço do Reino de Cristo e tudo não passa de um zelo antibíblico. Aí está o perigo. Ao cristão não há a liberdade de abandonar as coisas da vida política comum da sociedade. Não há como dizer, "não tenho nada a ver com isso!"

Na história tivemos momentos no AT e NT nos quais pessoas aplicaram políticas em nome do judaísmo e do cristianismo mas que não agiam conforme às SAGRADAS ESCRITURAS. E toda manifestação política religiosa corre esse risco ainda hoje. Esses religiosos até podem causar impressões de muita piedade em sua forma, mas habita em seu seio um zelo fanático que não agrada a Deus, mesmo que em nome do povo de Deus ou de Cristo.

Coré, Datão e Abirão, em seu zelo pelo sacerdócio confrontaram Moisés e Arão. Lemos isso em Números 16 e 17. Em seu zelo pelo povo de Deus, Saul matou os gibeonistas, porém o Senhor vingou esta injustiça, como lemos em II Samuel 21. Por zelo religioso fanático os "mais piedosos" crucificaram a Jesus e perseguiram Paulo de cidade em cidade, o resultado para eles, a destruição de Jerusalém pelos romanos como juízo de Deus.

Na história da Igreja temos as Cruzadas organizadas pelo zelo religioso dos Católicos Romanos e consequentemente centenas ou milhares de cristãos morreram nos campos de guerra da Ásia Menor e Síria. Por zelo fanático os anabatistas, em nome de Cristo, encontraram na espada os juízos de Deus. Por zelo fanático o Protestantismo cometeu erros.

Outros fatos poderiam ser relatados para demonstrar que o perigo não está no envolvimento social político em si, mas no zelo não bíblico pelo Reino de Cristo. O avanço na política cristã não é pela força física e violência, mas pelo poder do Evangelho; pelo poder do Espírito de Deus.

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Referência: Que es politica cristiana frente a la del mundo, A. Janse, 1978. FELIRE.